quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Miragem

Um dia igual a todos os outros. Percorria o mesmo deserto de todos os dias, rodeado pela mesma massa amorfa de areia, completamente imutável. E então vi-a. Vi-a tão claramente quanto os meus olhos me permitiram. Fixei-a como que hipnotizado, tentando perceber se era real. Devolveu-me o olhar e assim ficámos, em mútua contemplação, por um instante que pareceu uma vida inteira. Foi quando cometi o erro de desviar o olhar, já nem sei bem porquê. Não durou mais do que um breve segundo, mas foi o suficiente. Quando de novo a procurei, já tinha desaparecido. O que mais lamento não foi a fugacidade do momento, nem tão pouco tê-la deixado fugir. Foi saber que, por mais que faça o mesmo caminho de sempre, dificilmente a voltarei a ver.

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