terça-feira, 24 de novembro de 2009

Condicional

Se eu tivesse feito diferente, hoje ainda seria tudo igual. A ontem, a anteontem, ao dia antes e a todos os outros dias até a bolha rebentar. Aos dias em que o copo foi lenta mas continuamente esvaziando até já não haver nada para beber. E a culpa? Minha. Toda minha. Estúpido eu; asno eu. Ou nem isso. Aposto que até os asnos aprendem com os erros. Antes o fosse, e não estaria agora a lamentar que se eu tivesse sido diferente, ainda hoje tudo seria igual.

domingo, 15 de novembro de 2009

Incendiários

Quando o escuro e o frio apertam, acendemos uma fogueira. O fogo aquece, ilumina e aconchega. Confortados, adormecemos à luz protectora das labaredas, sentindo-nos seguros com aquele flamejar crepitante. Mas aos poucos a chama faz-se brasa e a brasa se faz cinza. Para arder, o fogo precisa da lenha que não se carrega enquanto se dorme. E assim vamos ateando fogueiras por aí, aquecendo o sono até estas se voltarem a apagar. Já não sabemos viver sem aquele pequeno incêndio. Porque queremos esquecer como era antes de o termos e nos lembramos muito bem de como ele nos fez sentir.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Pára-raios

Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Não sei como é possível acreditar nesta treta. Cai, pois. Cai as vezes que entender do alto da sua sádica e exasperante insistência em nos carbonizar a vida. Vendo bem, até pode existir alguma verdade no chavão. Duas vezes é mesmo muito pouco.

Raios me partam.