quarta-feira, 13 de junho de 2007

Náufrago

Algures num qualquer oceano desconhecido, um veleiro flutua à deriva. Comigo ao leme, já deveria saber que não iria longe. Há muito que a minha bússola deixou de apontar para Norte. Não sei onde estou, só sei que não era aqui que queria estar. Ainda me lembro de quando zarpei: as cartas estudadas, os cálculos feitos, as correntes escolhidas, a rota traçada. Como sempre, de nada valeu fazer planos antecipados. De nada serviram mapas e sextantes. Sem rumo nem destino, navego agora ao sabor dos ventos e marés. Move-me apenas a certeza de que nada mais tenho a perder. A Terra é redonda e o mar é finito. A alguma ilha devo ir parar.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Caracol

Lembro-me de uma adivinha já antiga sobre um caracol que tentava sair de dentro de um poço. Deslizando pacientemente, conseguia a muito custo subir 2 metros cada dia. Durante a noite adormecia e escorregava 1 metro para baixo. Fantástico! Metade do árduo trabalho de um dia inteiro perde-se durante a noite sem esforço adicional. O desafio consistia em calcular quanto tempo o dedicado animal levaria a sair do poço, mas isso agora nem sequer interessa. Eu não quero saber de horários nem calendários. Eu só queria chegar lá acima. Se ao menos esta concha não pesasse tanto...